sábado, 21 de abril de 2012

Lição 04 - Esmirna, a igreja confessante e mártir

A expressão “sinagoga de Satanás” (2.9; 3.9) é intrigante...



INTRODUÇÃO
 
I. ESMIRNA, UMA IGREJA MÁRTIR
II. APRESENTAÇÃO DO MISSIVISTA
III. AS CONDIÇÕES DA IGREJA EM ESMIRNA
 
CONCLUSÃO
 
As Sinagogas de Satanás (2.9)
 
A expressão “sinagoga de Satanás” (2.9; 3.9) é intrigante. O livro de Apocalipse não é, em geral, anti-semítico; antes, pinta um quadro do reino de Deus onde se encontram judeus e gentios. Aqueles vinte e quatro anciãos, dispostos ao redor do trono (4.4,10; 11.16; 19.4), representam provavelmente doze anciãos da Igreja e doze anciãos de Israel [...].
 
A arquitetura da Nova Jerusalém também é muito significativa, pois tem doze portas onde estão escritos os nomes das tribos de Israel (21.12) e doze alicerces com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (v.14). Tanto judeus como gentios adoram a Deus no céu (7.1-17). De fato, os 144.000 judeus foram escolhidos para receber privilégios especiais: serão os constantes companheiros do Cordeiro (14.1-5).
 
Por que, então, esse livro usa uma linguagem tão ríspida para descrever as sinagogas de Esmirna e Filadélfia? Embora não tenhamos certeza, sabemos, no entanto, que nos primeiros anos os processos legais dos romanos contra os cristãos eram muitas vezes iniciados pelos judeus. Se aqui o problema específico era a adoração ao imperador romano, sem dúvida os cristãos esperavam que a comunidade judaica os apoiasse. Seria possível que os judeus dessas duas cidades tivessem encontrado alguma razão técnica que permitisse que participassem dessa manifestação, enfraquecendo os cristãos em sua atitude de rejeição?
 
É de se notar que esses grupos de judeus haviam sido acusados apenas de caluniar (2.9) e mentir (3.9) a respeito das igrejas. Isso se torna bastante significativo quando analisamos a descrição dos 144.000 judeus justos: “E na sua boca não se achou engano” (14.5) e eles “não estão contaminados com mulheres” (v.4).
 
De certa forma, esses judeus são o oposto dos judeus de Esmirna e Filadélfia; será que essa afirmação está implicando que os membros dessas sinagogas também participavam da imoralidade sexual? Será que essa “contaminação” ocorre dentro de algum contexto ritualístico, talvez até na adoração ao imperador romano? Não existe, simplesmente, qualquer prova que nos permita fazer um julgamento a esse respeito. 
Mas podemos estar certos de uma coisa: Deus não discrimina conforme a raça, o gênero ou a etnia (Jl 2.28,32; At 2.17,18,21; Gl 3.28). O autor do Apocalipse não condena os judeus de Esmirna e Filadélfia simplesmente por serem judeus, mas pelos seus atos imorais. Na verdade, as duas sinagogas parecem ter sido exceções, pois nenhuma das outras cinco cartas menciona esse problema.


Texto extraído do “Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento”, editado pela CPAD.

Lição 03 - Éfeso, a Igreja do amor esquecido

A primeira carta do Apocalipse está dirigida...



INTRODUÇÃO

I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR
II. O PROBLEMA DE ÉFESO
III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR


CONCLUSÃO

A Carta à Igreja em Éfeso (2.1-7)

A primeira carta do Apocalipse está dirigida à congregação que se reunia no porto de Éfeso (cf. At 18.18; 19.41). Lar de Priscila e Áquila (18.27), essa cidade foi provavelmente o lugar aonde chegou o portador do livro de Apocalipse. Paulo e Apolo também haviam ajudado a estabelecer a Igreja nesse local. O ministério de Paulo havia sido particularmente acompanhado pelo que Lucas chama de “maravilhas extraordinárias” (19.11). A comunidade cristã local também estava enfrentando uma terrível oposição, liderada pela associação dos ourives, cujos membros eram artífices das lucrativas imagens de Ártemis (a mesma deusa Diana) (19.23-40; cf. 2 Tm 4.14-17). Paulo havia deixado a cidade pouco antes da rebelião que ali se instalou, instigada por esse grupo de artesãos.

Essa carta descreve Jesus como alguém que “caminha entre” suas igrejas e “segura” seus pastores em sua mão direita (2.1b; cf. 1.12,20). Assim, Ele está, ao mesmo tempo, presente e dando apoio aos seus servos. Essa imagem faz a ligação entre a primeira carta e a visão do capítulo anterior (1.12ss.), talvez de uma forma positiva, tendo também em vista a importante indústria de metais preciosos de Éfeso (At 19.23-40).

Jesus ordena à igreja de Éfeso que adote uma posição firme contra os falsos apóstolos (v.2,6). O mal-entendido anterior de Apolo, a respeito do batismo cristão (At 18.25,26; 19.1-3), prognosticava o problema que Éfeso enfrentaria com os falsos mestres e seus ensinos (Ap 2.2; cf. Ef 4.21; 1 Tm 1.3; 2 Tm 3.1-9; 4.3,4). Em suas cartas, Paulo menciona especificamente três diferentes falsas doutrinas: a proibição do casamento (1 Tm 4.3); a proibição da ingestão de certos alimentos (4.3) e o ensino de que a ressurreição corpórea já havia acontecido (2 Tm 2.18). Aparentemente, a igreja local havia resistido a esses ensinos e também aos nicolaístas [...].

Infelizmente, a igreja de Éfeso não agiu bem nas áreas de seu comportamento e paixão por Cristo (v. 4,5). Seus primeiros anos foram caracterizados por milagres e por um grande crescimento (At 19.11-20), mas dessa época em diante ela havia “descido” desse nível (Ap 2.5). Ainda faziam sacrifícios pelo reino de Deus e trabalhavam diligentemente (v.3), mas seu fervor já não era o mesmo (v.4). A igreja estava condenada – a não ser que se arrependesse e voltasse às primeiras obras que haviam-na tornado tão grande (v.5).

Essa carta indica que uma correta doutrina não é suficiente para fazer uma igreja se tornar forte, nem mesmo quando seus membros desempenham um grande trabalho. Um passado glorioso não é a garantia de um futuro brilhante. Grandes igrejas nascem de uma grande paixão por Jesus Cristo (por exemplo, Sl 42.1; Lc 24.32). Nesse clima, o evangelho é proclamado (At 19.10), os doentes são curados e os demônios são expulsos (v.12). Os pecados são confessados (v.18) e o mal é vencido (v.19). Resumindo, o reino de Deus se manifesta através de seu poder.

Texto extraído do “Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento”, editado pela CPAD.


Lição 02 - A visão do Cristo Glorificado

As alternativas à ressurreição corpórea de Jesus...



INTRODUÇÃO

I. O CRISTO ENCARNADO
II. O CRISTO HUMILHADO E FERIDO DE DEUS
III. O CRISTO GLORIFICADO


A RESSURREIÇÃO
Por Craig L. Blomberg
Novamente, breves comentários parecem completamente inadequados, mas há excelentes livros que se dedicam mais plenamente ao tema, principalmente N. T. Wright na sua recente e magistral obra, The Resurrection of the Sono f God [A Ressurreição do Filho de Deus]. Nenhuma explicação alternativa convincente foi proposta para explicar a fé dos primeiros cristãos na ressurreição. As ideias propostas na literatura popular mais antiga, de que Jesus na realidade jamais morreu na cruz, de que os seus discípulos roubaram o seu corpo, de que as mulheres foram ao sepulcro errado ou que mais de quinhentas “testemunhas” durante um período de quarenta dias, em diferentes localizações geográficas, todas foram acometidas de idêntica “alucinação em massa”, foram apropriadamente descartadas por grande parte de acadêmicos contemporâneos. A alternativa acadêmica mais popular hoje é a de que a ressurreição é o produto de um processo de mitologização posterior de uma tradição original que não incluía um retorno sobrenatural dos mortos. Mas a evidência de 1 Coríntios 15 já basta para refutar isso, como já vimos anteriormente nos tópicos “Os credos Cristãos Antigos” e “Milagres”. Além disso, é o tipo de explicação que poderia fazer sentido, se Jesus tivesse sido um grego que pregava em Atenas, e se seus seguidores, uma geração depois, tivessem se tornando predominantemente judeus. A Grécia, de modo geral, acreditava somente na imortalidade das almas. Os judeus eram comparativamente singulares no mundo mediterrâneo do século I, crendo em uma ressurreição total do corpo. Mas, naturalmente, isso é o oposto do progresso geográfico real do evangelho. No mínimo, nós deveríamos ter esperado um cristianismo helenista crescente, cada vez mais, para minimizar ou eliminar as referências à ressurreição de um corpo.

As alternativas à ressurreição corpórea de Jesus não convencem, e, além disso, seis argumentos adicionais também propiciam fortes evidências a favor da sua historicidade. Nós já mencionamos o testemunho terreno de Paulo. Além de 1 Coríntios 15, há mais de uma dúzia de outras referências à ressurreição de Cristo nas incontestáveis epístolas paulinas, escritas antes dos anos 50 (Rm 4.24,25; 6.4,9; 8.11,34; 10.9; 1 Co 6.14; 2 Co 4.14; 5.15; Gl 1.1; 1 Ts 1.10; etc.). Em segundo lugar, não há alternativa que explique adequadamente por que os primeiros cristãos judeus (isto é, não apenas gentios) alteraram o seu dia de adoração de sábado para domingo, especialmente quando a sua lei fazia da adoração no sábado (Sabbath) um dos Dez Mandamentos invioláveis (Êx 20.8-11). Alguma coisa objetiva, assombrasamente significativa e com data de alguma manhã de domingo em particular deve ter gerado a mudança. Em terceiro lugar, em uma cultura em que o testemunho das mulheres era frequentemente inadmissível em um tribunal, quem inventaria um “mito” relacionado à fundação, em que todas as primeiras testemunhas de um evento difícil de crer eram mulheres? Em quarto lugar, os relatos contidos do Novo Testamento diferem dramaticamente das bizarras descrições apócrifas da ressurreição, inventadas no século II e depois. Em quinto lugar, nos primeiros séculos do cristianismo, nenhum sepulcro jamais foi venerado, separando a resposta cristã à morte do seu fundador de praticamente todas as outras religiões da história da humanidade. Finalmente, o que teria levado os primeiros cristãos judeus a rejeitar a interpretação que lhes foi dada como herança de Deuteronômio 21.23, de que o Messias crucificado, pela própria natureza da sua morte, demonstrou que Ele estava se colocando em uma posição de maldição diante de Deus? Novamente, é mais fácil crer em um evento aceito como sobrenatural do que tentar explicar todos estes fatos estranhos através de alguma outra lógica.

Texto extraído da obra “Questões Cruciais do Novo Testamento”, editada pela CPAD. 


 Lição 01 - Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo

Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1) é o título...



INTRODUÇÃO

I. O LIVRO DO APOCALIPSE
II.  AUTORIA, DATA E LOCAL
III. APOCALIPSE, O LIVRO PROFÉTICO DO NT
IV. A LEITURA DO APOCALIPSE

APOCALIPSE

Por Stanley M. Horton

“Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1) é o título inspirado pelo Espírito Santo para o livro de Apocalipse. “De Jesus Cristo” pode significar “por”, “de” ou “a respeito de” Jesus Cristo. Três sentidos se encaixam aqui. O que neste livro temos é um novo e excitante quadro de Jesus. Apesar de ser o mesmo Jesus dos evangelhos e do restante do Novo Testamento, em Apocalipse mostra-se triunfante. Somente Ele é digno de desatar os selos do livro da ira de Deus. Cumpre as profecias do Antigo Testamento referentes ao Dia do Senhor, trazendo tanto o julgamento como a restauração. Ele reivindica a justiça divina e completa a consumação do grande plano redentivo de Deus. Todavia, é ainda o Cordeiro de Deus no último e derradeiro cumprimento do governo divino na nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra.

O livro informa-nos ter sido esta revelação de Jesus Cristo dada a João enquanto o evangelista era prisioneiro na Ilha de Patmos. Sua mensagem foi inicialmente direcionada às sete igrejas da Ásia. Estas comunidades cristãs foram, provavelmente, fundadas por Paulo durante seu ministério em Éfeso (At 19.10,20).

Características Literárias

Os eruditos identificam o estilo literário deste livro como apocalíptico. “Revelação” em Ap 1.1 é “Apokalupsis”, no grego; tem o sentido de “desvendar, descobrir, revelar”. Sua revelação de Jesus relaciona-se ao desvendamento dos segredos dos fins dos tempos. Muitas das verdades reveladas neste livro estiveram escondidas até este tempo. Outros tipos de literaturas apocalípticas são encontradas no Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel e Daniel. Tais literaturas são marcadas por imagens simbólicas e visões dramáticas e previsões sobre o final dos tempos. O Apocalipse, contudo, indentifica-se a si mesmo como uma profecia (Ap 1.3; 22.7,10,18,19). É ordenado a João que escreva o que vê. O livro tem muitos pontos em comum com outros do Antigo Testamento. À semelhança dos livros proféticos, contém não somente profecias, mas cartas, discursos, diálogos, cânticos e hinos.

Os cânticos e hinos são proeminentes por causa da presença e da glória de Deus Pai e do Cordeiro que inspira adoração (veja 4.8,11; 5.8-13; 7.9-12; 11.15-18; 15.2-4; 19.1-8).

A linguagem do livro reflete o estilo dos escritores proféticos do Antigo Testamento. Na Ilha de Patmos, João deve ter meditado muito nas profecias, especialmente nas de Daniel, Ezequiel e Zacarias. Todavia, nenhuma delas é citada diretamente. As criaturas viventes do Apocalipse 4.5, por exemplo, são descritas com linguagem similar à das criaturas de Ezequiel 1. Neste, as criaturas são idênticas uma às outras. Em Apocalipse, entretanto, elas são diferentes uma das outras. Portanto, as criaturas de Apocalipse não são as mesmas descritas por Ezequiel. João está registrando uma nova revelação.

O livro é caracterizado também pelo uso de números, especialmente o sete: sete cartas, sete bênçãos (Ap 1.13; 14.13; 16.15; 19.19; 20.6; 22.7,14), sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete taças. As sete cartas apontam para os eventos do final dos tempos. Os setes selos antecipam tais eventos. As sete trombetas trazem julgamento parcial, e antecipam o julgamento mais completo das sete taças da ira de Deus. As sete bênçãos e os sete trovões reforçam as promessas e os julgamentos divinos. Sete é considerado número sagrado, pois Deus descansou no sétimo dia. O sete, em Apocalipse, enfatiza que os propósitos divinos estão sendo executados.

As várias sequências do número sete são seguidas por três visões do fim: o fim do sistema mundial de Babilônia, o fim do Anticristo e seu reinado, e o fim de Satanás e seu domínio. Então, todo o povo de Deus será reunido para estar em glória com Cristo na Nova Jerusalém. As diversas partes do livro são amarradas por repetições que dão suporte a todo o material, e atraem a nossa atenção à necessidade de se focalizar o livro como um todo.

A expressão “eu vi” frequentemente introduz uma mudança no cenário, ou algum item novo no livro. Trovões, vozes e terremotos são mencionados em importantes pontos do livro (ver Ap 4.5; 8.5; 11.19; 16.18). Os interlúdios também são uma marca do Apocalipse, e ajudam a entrelaçar a mensagem de todo o livro numa unidade perfeita. Os interlúdios, ou parênteses, são encontrados de Ap 7.1 a 8.1, entre o sexto e o sétimo selo; e no capítulo 10.1 a 11.14, entre a sexta e a sétima trombeta. Também há personagens e anjos introduzidos entre as trombetas e as taças. Os sete trovões do capítulo 10 são importantes, pois deixam-nos cientes de que algumas coisas hão de acontecer, as quais nos são agora reveladas. Consequentemente, fica claro que o Apocalipse não é uma fotografia completa de tudo o que há de ocorrer no futuro. Há coisas que estão sob autoridade do Pai, e que não foram nem o serão reveladas até que se tornem realidade (At 1.7).

Além disso, algumas coisas são colocadas a partir de uma perspectiva celestial, e outras são postas sob uma ótica terrena. A queda de Babilônia, por exemplo, é anunciada no capítulo 14; mas, nos capítulos 17 e 18, são-nos dados mais detalhes do evento. O livro é igualmente cheio de contrastes, os quais classificam os caracteres e os símbolos; todos eles olham à frente, ao triunfo final de nosso Deus e do seu Cristo.

Texto extraído da obra “Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer”, editada pela CPAD

quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Liderança em Tempos de Crise - Rede Brasil de Comunicação





Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Ailton José Alves
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LIÇÃO 02 - LIDERANÇA EM TEMPOS DE CRISE
INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos um pouco sobre a liderança de Neemias em meio a adversidade e o desafio de reconstruir Jerusalém. Refletiremos sobre o conceito de liderança, o que é liderança cristã, quais as atitudes que marcaram a liderança de Neemias e que lições podemos extrair dessas atitudes. Embora tenha vivido na época do AT, Neemias nos ensina princípios que são aplicáveis à Igreja hodierna.
I - O QUE É LIDERANÇA?
Segundo o dicionário Aurélio, liderança é a função do líder; Capacidade de liderar; espírito de chefia; forma ou denominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos. No sentido etimológico, liderança está mais ligada a administração de pessoas ou recursos baseados em uma capacidade técnica ou inata, adquirida ou aprendida para o desenvolvimento e alcance de objetivos por determinado grupo ou empresa.
II - O QUE É LIDERANÇA CRISTÃ?
Segundo o Pr. Antônio Gilberto é a liderança exercida pelo cristão (a pessoa que Deus escolhe, dirige, e capacita, para administrar a sua obra e o seu povo conduzindo-o como pessoas). Liderança nesse sentido é um dom de Deus concedido a quem ele quer, visando um propósito definido (Jr. 3.15; 23.4; 1 Cor. 12; Ef. 4.7-12); Moisés foi preparado “no Egito e no deserto de Midiã” (At 7.22; Ex. 3.1); Josué foi preparado “através do convívio com Moisés” (Ex.24.12-14; 33.11; Nm 27.18); Davi foi preparado “cuidando de ovelhas” (1 Sm 16.11; 2 Sm 7.8); Eliseu foi preparado “derramando água nas mão de Elias” (2 Rs 3.11); Timóteo teve em “Paulo uma fonte de inspiração” (At 16.1-3; 2 Tm 1.3-6). Assim também Neemias foi preparado por Deus na corte do rei para a reconstrução de Jerusalém (Ne 1).
III - QUAIS ATITUDES MARCARAM A LIDERANÇA DE NEEMIAS?
De acordo com Lopes (2008, p.41-54), algumas atitudes de Neemias foram decisivas no enfrentamento das crises. São elas:
3.1. Uma preparação necessária (Ne 2.1) - Nessa atitude aprendemos quatro lições com Neemias:
3.1.1. Neemias sente-se chamado por Deus para realizar o sonho da reconstrução de Jerusalém - o conhecimento da situação do povo o responsabilizou. Ele teve coragem para fazer perguntas e daí surgiu sua vocação (Ne 1.2,3);
3.1.2. Neemias chora, ora e jejua durante quatro meses antes de começar a agir (Ne 1.4) - Antes de sermos usados por Deus, precisamos ser quebrantados (Sl 51.17)
3.1.3. Neemias compreende que a reconstrução passa pela decisão política do rei (Ne. 2.4-8). Mudar a política do rei se constituía uma missão impossível, porém Deus realizou.
3.1.4. Neemias aguarda o tempo certo de agir (Ne 2.11-16) - ele orou durante quatro meses. Intensificou sua oração no dia em que foi falar com o rei (1.11). Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2.6).
3.2. Uma atitude certa diante dos homens (2.1-9)
3.2.1. Neemias demonstra uma tristeza incomum diante do rei (Ne 2.1) - Neemias era um homem alegre. Mas o problema do povo de Deus era seu problema.
3.2.2. Neemias demonstra sua fidelidade ao rei (Ne 2.3) - Fidelidade é a marca dos homens usados por Deus.
3.2.3. Neemias demonstra tato na abordagem (Ne 2.3) - O rei poderia suspeitar de Neemias de alguma trama ou bani-lo ou mesmo matá-lo, porém Neemias demostra habilidade na condução do problema.
3.2.4. Neemias demonstra clareza em seus propósitos (Ne 2.5) - Os alvos de Neemias eram bem claros. Ele precisava:
1. Que o rei mudasse sua política acerca de Jerusalém; 2. Que fosse enviado pelo rei com a missão de reconstruir Jerusalém; 3. De cartas de recomendação do rei; 4. De provisão para obra; e 5. De proteção para a viagem.
3.3. Uma atitude certa diante de Deus (Ne. 2.4,8b)- Neemias buscou a direção de Deus antes de agir (1.11;2.4) e tributou a Deus o sucesso da causa (2.9).
3.4. Uma atitude certa diante dos inimigos - Os inimigos não tardaram em aparecer. Enquanto Jerusalém estava em ruínas os inimigos estavam quietos. Ao tomarem conhecimento de que Neemias estava reedificando os muros, os inimigos se manifestaram.
3.4.1. Os inimigos (Ne 2.19)
3.4.1.1. Sambalate, o horonita. “Era nome babilônico. Ao que tudo indica, teria habitado na região de Bete-Horon, ao sul de Efraim (Js 10.10; 2 Cr 8,5), sua cidade natal. A única coisa que sabemos com certeza é de que ele tinha algum tipo de poder civil ou militar em Samaria, no serviço ao rei Artaxerxes(Ne 4.2)1.
1 R.N.Champlin. O Antigo Testamento Interpretado Vers. por Vers., Dicionário, p. 5229
3.4.1.2. Tobias, o servo amonita. “Provavelmente um oficial do governo persa”[…] “era altamente favorecido pelo sacerdote Eliasibe, que lhe concedeu uma sala para ocupar nas dependências do Templo em Jerusalém”2.
3.4.1.3. Gesém, o arábio. “Seu nome figura exclusivamente no livro de Neemias (2.19; 6.1,2,6). Era árabe, inimigo dos judeus que voltaram do cativeiro babilônico para a Terra Santa. Opunha-se aos desígnios do governo judaico, tomando-o como sedicioso e sujeitando-o ao ridículo. Por essa razão, foi que Gesém participou ativamente do conluio de Tobias contra a segurança de Neemias3.
3.4.2. Atitude de Neemias frente aos inimigos - A atitude de Neemias frente aos inimigos nos dá princípios espirituais que podem ser utilizados também nos desafios enfrentados pela Igreja:
3.4.2.1. Neemias examinou a situação (Ne 2.11-16);
3.4.2.2. Demonstrou confiança em Deus (Ne 2.20;4.20);
3.4.2.3. Buscou a Justiça de Deus (Ne 4.4-5);
3.4.2.4. Preparou-se para a batalha (Ne 4.9,13);
3.4.2.5. Animou o povo (Ne 4.14);
3.4.2.6. Manteve-se vigilante (Ne 4.16-18,21-23).
IV - QUAIS AS LIÇÕES QUE EXTRAÍMOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS?
Entre as diversas lições, conforme destaca Andrade (2010, pp.39-49) podemos apresentar duas: A importância do Planejar e Liderar com eficiência.
4.1. A importância de Planejar - A vida de Neemias nos mostra a relevância do planejamento das atitudes a serem tomadas na liderança, isto porque:
4.1.1. Planejar envolve enfrentar o Impossível- Neemias tinha um grande desafio pela frente. O líder deve sempre enfrentar obstáculos.
4.1.2. Planejar envolve prever as necessidades (Ne. 2.7-10); Neemias precisava de cartas para os governadores (v.7), permissão para transitar; carta para Asafe, guarda das matas (v. 8), material para o trabalho e Oficiais do exército (v.9), segurança e credenciamento. O líder sempre se antecipa aos problemas e elenca as necessidades.
4.1.3. Planejar envolve fazer um levantamento cauteloso da situação (v. 11-16) - Neemias não se precipitou para a ação nem para a conversa (v. 11-12); buscou mais informações sobre a situação local (v. 13-15); aguardou o momento certo para agir(v.15); não expôs idéias semiformadas (v. 16) e impediu que os inimigos soubessem dos planos e preservou o despertamento dos líderes locais. O líder sempre enxerga algo que os outros não conseguem, por isso a cautela sempre será uma virtude em sua vida.
4.1.4. Planejar envolve motivar o povo (v. 17-18) “Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito; então disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem”.
4.2. Liderar com eficiência - A Liderança eficaz de Neemias nos ensina que:
4.2.1. Liderar envolve cooperação - O corpo de Cristo expressa unidade. Em 1 Cor 12.12-27 e Ef. 4.11-16, a unidade gera cooperação, e essa, edificação.
4.2.2. Liderar envolve vocação - Deus não chama a todos à liderança, mas todos são importantes no corpo (1 Cor 12.22);
4.2.3. Liderar envolve delegação - A distribuição e diversidade de serviços no Corpo de Cristo refletem a finalidade para qual cada membro do corpo foi designado, mostrando a distribuição equitativa que visa o aperfeiçoamento (treinar, capacitar) os santos (crentes) para o serviço (Ef. 4.11-12).
CONCLUSÃO
Somente com uma vida pautada na dependência de Deus e compromissados com sua Palavra é que conseguiremos vencer os grandes desafios que nos deparamos diariamente. Neemias é o exemplo de um líder abnegado, compromissado, intercessor e acima de tudo obediente ao chamado e aos propósitos de Deus.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Geraldo Henrique de. Esdras e Neemias, uma perspectiva de liderança. Editora Cristã Evangélica
BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz, Vida.
GILBERTO, Antônio. Apostila de Seminário de Liderança Cristã.
LOPES, Hernandes Dias. Neemias, um líder que restaurou uma nação, Hagnos
NORMAN. Russel Champlin. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo, Candeia.
RENOVATO, Elinaldo,Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise, CPAD.
2 Ibid., p. 5381.
3 Ibid., p. 4367
Publicado No site da Rede Brasil de Comunicação

sábado, 1 de outubro de 2011


Lição 01 - Quando a Crise Mostra a sua Face

O livro que leva o nome de Neemias aparece...



Texto Bíblico: Neemias 1.1-7

INTRODUÇÃO

I. A CRISE EM JERUSALÉM
II. O CHAMADO DE NEEMIAS
III. A INTERCESSÃO DE NEEMIAS


O LIVRO DE NEEMIAS

O livro que leva o nome de Neemias aparece nos primeiros manuscritos, combinando com o de Esdras, e ambos formam um único livro. Certos manuscritos gregos separaram os dois antes da época de Orígenes e Jerônimo, mas os manuscritos hebraicos combinaram os dois até o ano de 1448 d.C. Sua união nos códices mais importantes (Vaticano, Sinaítico e Alexandrino) indica que originalmente formaram apenas um livro na Septuaginta (LXX).

Conteúdo
I. A Administração de Judá por Neemias, 1.1 – 12.47:  

A.    Chegada a Jerusalém, 1.1 – 2.20
B.    Reconstrução do muro, 3.1 – 7.4
C.    Registro dos retornaram, 7.5-72
D.    Renovação da aliança, 7.73 – 10.39
E.    Censo de Jerusalém e da vizinhança, 11.1-36
F.    Relação dos sacerdotes e levitas, 12.1-26
G.    Consagração do muro, 12.27-47

II. Segunda Visita de Neemias a Jerusalém e Reforma Finais, 13.1-31

Fontes
Como no caso do livro de Esdras, várias e distintas fontes podem ser facilmente reconhecidas demonstrando o caráter composto desse livro, da maneira como agora se encontra:

1.    Memórias pessoais de Neemias (1.1; 2.20; 4.1 – 7.5; 10.28 – 11.2; 12.37; 13.31). Essas passagens foram escritas na primeira pessoa. 
2.    Narrativas na terceira pessoa (7.73 – 9.38). Essas passagens podem ter sido adaptadas das memórias de Neemias, porém, vieram provavelmente dos registros do Templo. 
3.    Relações e genealogias:
a.    Construtores (3.1-32), das memórias de Neemias.
b.    Exilados que retornaram  (7.6-73), da mesma fonte de Esdras 2.1-70.
c.    Aqueles que selaram a aliança (10.1-27), das memórias de Neemias ou dos registros do Templo.
d.    Residentes de Jerusalém e de sua região (11.3-36), dos registros do Templo ou arquivos do estado.
e.    Sacerdotes, levitas e sumos sacerdotes (12.1-26), dos registros do Templo.  

Autoria
Há muito tempo este livro tem estado ligado ao nome de Esdras na tradição hebraico-cristã. Seus estreitos laços com os livros de 1 e 2 Crônicas em estilo, linguagem, aspecto  e propósito apontam para uma obra que originalmente incluía Crônicas, Esdras e Neemias. O fato de Crônicas ter estado inicialmente como o primeiro livro da série pode ser observado pela repetição dos versos finais de 2 Crônicas no início do livro de Esdras. Provavelmente, os livros de Crônicas foram mais tarde colocados em último lugar em virtude de terem sido aceitos posteriormente pela comunidade judaica. Outros arranjos diferentes são evidentes na LXX, como parte de Neemias 8 ter sido transferido para acompanhar Esdras 10.2. A natureza composta dessas obras, e sua grande semelhança têm dado ao autor ou editor o nome de “Cronista”. O Talmulde (Baba Bathra 15ª) considera Esdras como o autor principal e Neemias, seu contemporâneo, como aquele que completou os registros.

O fato de Neemias ter feito intenso uso de memórias pessoais torna-o, com toda certeza, um substancial autor do material que agora leva seu nome. Esse material vem de um documento muito parecido com um diário pessoal. Alguns acreditam que ele nunca teve a intenção de publicá-lo por ter registrado os eventos e as emoções a eles associados de forma muito franca e cheia de vida. Essas observações feitas em primeira mão são tremendamente importantes para lançar alguma luz sobre a história política dos judeus durante o período persa. 

Texto extraído e adaptado do: “Dicionário Bíblico Wycliffe”, editado pela CPAD.

sábado, 3 de setembro de 2011


Lição 10 - A atuação social da igreja


Os mensageiros do Senhor, desde longa data, pregavam...



Texto Bíblico: Isaías 58.6-8,10,11; Tiago 2.14-17

Introdução

I. Pobreza: Uma realidade sempre presente
II. Questões sociais no Antigo Testamento
III. O Novo Testamento e a ação social da igreja


“As funções sociais e políticas da profecia"

Os mensageiros do Senhor, desde longa data, pregavam chamando o povo ao arrependimento, mas aquela geração rejeitou a Palavra de Deus, as advertências eram severas, mesmo assim Israel e Judá não deram atenção a voz do Senhor. Os profetas do Antigo Testamento apresentavam Deus ao povo e desempenhavam o papel de reformador religioso ou de patriota. Eles não hesitavam em enfrentar até reis desobedientes à vontade de Deus (1Rs 18.18). Esses homens de Israel lutavam contra a idolatria e zelavam pela pureza religiosa, pela justiça social e pela fidelidade a Deus. Sua mensagem devia ser recebida na íntegra por toda a nação (2Cr 20.20). 

Os profetas advertiram durante muito tempo e de várias maneiras, anunciado o dia da ira de Deus sobre toda a injustiça e a impiedade. As dez tribos do norte desapareceram no cativeiro assírio, e nunca mais retornaram à terra de seus antepassados. Judá foi para o desterro, mas Deus prometeu restaurar a nação setenta anos depois (Jr 25.11; 29.10), a profecia se cumpriu, Ciro pôs fim ao cativeiro dos judeus (2 Cr 36.20-23). Zorobabel retornou a Jerusalém com uma leva de judeus para reconstruir a sua a nação, depois Esdras e Neemias regressaram com outros exilados para a terra de Judá.

A lição serviu no tocante à idolatria, que é repulsa nacional até hoje em Israel, mas sobre o tema da justiça social, Neemias teve muito ainda o que fazer em Jerusalém. O capítulo 5 do livro que leva o seu nome narra o estado de miséria do povo e o enriquecimento dos aproveitadores. Essa obra é o manual do administrador público, deve ser lida e examinada por todos os políticos. 

O tema justiça social ganhou novo fôlego com a vinda do Messias. O Senhor Jesus disse: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12). Devemos tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de sermos tratados. As atividades sociais devem acompanhar a obra da evangelização como resultado da nova vida em Cristo. O brado dos profetas encontrou guarida no seio da Igreja. 

Jesus ensinou também: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Tomás de Aquino classificou os ensinos de Jesus em preceitos e conselhos. Os preceitos seriam a leis morais e os conselhos recomendações, o que Igreja católica mais tarde classificou de pecados mortais e veniais. Os anabatistas e os quakers não viam essa diferença. Martinho Lutero entendia que o Sermão do Monte estava no modelo de Cristo “Daí a César o que é de César” e nisso separa o estado e a Igreja, o que é de ordem pessoal e de ordem jurídica. O ensino: “Amai a vossos inimigos”, segundo Lutero, não se aplica ao estado a fim de evitar a anarquia.

O compromisso do cristão direciona-se em dois sentidos: vertical – adoração, atividades espirituais; horizontal – servir à sociedade, a atividades filantrópicas e sociais [...]” (SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.64-6).